segunda-feira, julho 02, 2007

Um homem branco, calvo e com evidentes quilos a mais, olha para o vizinho negro e diz “ pianinho, senão ainda voltas para a tua terra”. Este por sua vez, repara numa fila de desempregados e assume “Se quisessem arranjavam todos um trabalho ”. Na mesma fila, dois homens atiram uns piropos machistas a uma mulher que passa. Esta, olha de lado o casal homossexual que atravessa a rua de mão dada e pensa que é preciso muita lata. Eles comentam entre si o véu islâmico de uma outra mulher que passeia o filho “Ao menos podia fazer um esforço para se integrar”. O miúdo, por sua vez, aponta para o homem branco, calvo e com evidentes quilos a mais e exclama: “ Olha, aquele senhor tão gordo!”

A isto chama-se racismo em cadeia- este é pelo menos o titulo de uma história incluída num livro em banda desenhada editado pela Comissão Europeia. São muitas as situações do dia a dia em que, muitas vezes inconscientemente, o nosso discurso roça a intolerância. Reflicta bem sobre quantas frases por dia utiliza e que são discriminatórias.

No transito, nunca se irritou por aquele “velhote” ir à sua frente a 20 à hora? Num negócio, nunca teve tendência a chamar “cigano” ao vendedor? Ao fim de semana, não acha “normal” o homem ir à bola e a mulher ficar a fazer o jantar? E chamar "def..."(iciente) a um colega que não conseguiu concluir uma tarefa?

Desde o ano 2000, que as Leis Europeias para a Igualdade consagram ilegal a discriminação- com base na raça ou etnia, orientação sexual, religião, crença, género, deficiência ou idade. No entanto, as mentalidades não se mudam por decreto . Daí o meu desejo para que neste Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos e para Todas, cada um de nós aproveite esta hipótese de mudar as nossas frases. as nossas atitudes. no fundo, os nossos corações.
Grátis, grátis!!

Picasso, Duchamp, Magritte, Francis Bacon, Andy Warhol, Paula Rego, Vieira da Silva, entre outros. Todos juntos num mesmo espaço: no novo museu Colecção Berardo. Em apenas 30 horas, quase 30 mil visitantes- numa matemática simples, praticamente mil pessoas por hora a chegar ao CCB, para ver, gratuitamente, esta mostra de Arte Moderna e Contemporânea, organizada por Jean-François Chougnet,

São, infelizmente, raros os casos em que se registam enchentes por causa de um evento com um carácter eminentemente cultural. Lembro-me das filas à porta da Gulbenkian, para ver Amadeo Souza Cardoso. São poucos mas são dias que provam que nem só um derby ou a tentativa de bater um qualquer record do Guiness, levam a população a sair de casa. 316 milhões de euros à vista de todos. Será que foi por isto? Uma OPA ao Benfica poucos dias antes. Curiosidade dos adeptos da águia? Ou será só… por ser à borla? A razão não parece ser fundamental. Fundamental é mesmo tirar as famílias dos centros comerciais e colocá-las em centros culturais! Respirar arte, partilhar diversidade. Mostrar aos miúdos os quadros de Miró para depois fazerem desenhos inspirados no senhor pintor espanhol.

Não há prática cultural que resista a um baixo índice educacional. Por isso impera conhecer um pouco de tudo o que seja expressão artística : pintura, escultura, fotografia, concertos. Querendo, há formulas gratuitas para aceder a um mundo que outrora já foi considerado elitista.