domingo, abril 22, 2007

Num semáforo: entregam-lhe um jornal, tentam lavar-lhe os vidros ou -como me aconteceu ontem- um jovem faz uma demonstração de malabarismo – impressionante, a merecer mais palmas do que moedas. Mas, em geral, aproxima-se do seu carro uma jovem com uma criança ao colo pedinchando alguma coisa. Confesso que neste caso, a minha primeira preocupação vai para a coluna vertebral daquelas crianças- não só as que andam (às vezes horas) ao colo mas também as que as transportam, já que muitas vezes só diferem em meia dúzia de anos da que vão carregando de sinal em sinal…
Qual é o seu primeiro instinto? Receio de um assalto, devido ao saturante número de e-mails que recebe dando conta de “ataques destes gangs de emigrantes, nos semáforos ?” – exemplo claro destes tempos em que a xenofobia prolifera em mensagens sem fonte fidedigna através da Internet…
Indignação, perante esta clara violação dos direitos das crianças, que deviam estar na escola, a aprender e a brincar- em vez de serem usadas repetidamente como instrumento de mendicidade?
Talvez sinta algo mais forte: vergonha, desprezo? Analise por uns minutos qual é o seu real posicionamento em relação a estas pessoas que estão ali, vulneráveis, do outro lado do vidro. A tomada de consciência perante a nossa vida- e a dos outros- acontece muitas vezes assim: no curto espaço de tempo entre o vermelho e o verde.

2 comentários:

Anónimo disse...

No fundo, o que a maior parte de nós faz, é procurar o "conforto" da luz amarela...o meio-termo, o assim-assim. Luz amarela...hesitações. Muito típico, na nossa terra. Geram compromissos a mais...e nada decidem. Medo de tomar uma posição clara, medo de afrontar, medo do que os outros pensam. Liderança- precisa-se! No fundo, falta de personalidade...quando nos quedamos pela luzinha amarela...carneirinhos, é o que somos; carneirinhos amarelos...

Anónimo disse...

Como sempre a
Jornalista Fernadinha
não falha, boa crónica!
Beijos
JJ