domingo, março 18, 2007

Madalena está nervosa. ensaiava há 5 meses e ia finalmente mostrar aos pais, aos colegas, aos professores, tudo aquilo que aprendera. Desde pequena, sonhava um dia subir a um palco e dançar. E esse dia chegara. Os últimos meses foram feitos de suor e lágrimas; de esforço, coragem e determinação. Desistir não era a primeira palavra, nem tão pouco a ultima.O apoio da família, desde o primeiro instante, foi fundamental. Acreditaram sempre que ela seria capaz – e não sei mesmo se, neste dia especial, não estariam mais nervosos do que Madalena…
Quando as cortinas se abriram e a musica começou, a nossa heroína transformou-se naquilo que tanto sonhara. Naquela meia hora teve asas e foi pássaro; teve garras e foi leoa; teve o mundo e foi rainha.
No final da coreografia, o sorriso de Madalena transbordou do palco para a plateia e chegou aos corações dos que a agora a aplaudiam de pé.
Naquele momento, todos viram um sonho cumprido. Uma vontade de ser maior. Uma artista que vencera todos os obstáculos que a vida teimava em lhe colocar à frente. Naquele momento, ninguem viu a cadeira de rodas de Madalena.


(Dedico este texto ao meu irmão Zé e à minha “ filha” Mafaldinha e a todas as pessoas que, desde a nascença ou por circunstancias da vida, se viram “catalogadas” como deficientes. A vossa força é a minha inspiração)

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