quarta-feira, março 14, 2007

Que dias tão quentes

Recém chegado de uma expedição ao Pólo Sul, um amigo partilhou comigo a sua perplexidade perante aquele que deveria ser um cenário branco, totalmente branco: afinal também há outras cores…Há e são verdes. Pequenos apontamentos de vegetação de que não reza a história por aquelas paragens. Lembrei-me imediatamente da primeira página de um jornal suíço que li a 30 de Dezembro. Um desenho retratava a mais recente inquietação dos helvéticos : o famoso Matterhorn sem vestígios de neve, com palmeiras e lagartos e umas roullotes a vender gelados a turistas de biquini. No texto, podiam conhecer-se as principais preocupações relativamente à questão do aquecimento global – entre elas, a económica: com menos neve, as estâncias têm menos fregueses e, durante o Inverno poucos são os que vão à Suiça só para comer chocolates e fondue. Depois, vejo fotos recentes do Kilimanjaro e pergunto-me: estará a neve em vias de extinção? Este ano, que ainda só tem 19 dias, antevê-se como um dos mais quente de sempre - o El Niño está de regresso, aumentando a temperatura das águas do Pacífico e consequentes repercussões. Estamos, de facto, a pagar a factura de séculos de desenvolvimento insustentável e ainda vamos deixar juros para os nossos netos. Enquanto lê estas linhas, pode continuar a pensar que não tem nada a ver com isto: que a culpa é dos governos e dos que não cumprem o tal do Protocolo de Quioto… mas pense novamente: não haverá nada que possa realmente fazer para travar esta situação? Perceber, por exemplo, de que forma pode reduzir o lixo que produz, reutilizando e reciclando cada vez mais. São os tais pequenos gestos que fazem as tais grandes diferenças… Partilhe este jornal com o seu colega de escritório; faça um chapéu de pirata ou uma máscara de zorro e vá brincar com os miúdos; use-o no caixote do gato ou como papel de embrulho, pintado de várias cores. É que a imaginação não tem limites; mas a natureza, pelos vistos, tem.

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