domingo, dezembro 16, 2007

Sempre gostei do número sete. Talvez por ter nascido em SETEmbro.
Estamos agora no mes sete, do ano de 2007. As sete novas maravilhas já aí estão – em Portugal e no Mundo.
A pesquisa à volta da simbologia deste algarismo leva-nos ao infinito… das cores do arco-íris às notas musicais, passando pela Bíblia onde este é também um número importante; basta olhar para o livro do Apocalipse para encontrar o denominador comum: pragas, igrejas, selos, anjos, montes, cabeças, trombetas, taças… sempre sete.
Recorrendo ainda ao livro sagrado, não resisto a outra palavra ligada quase visceralmente a este aparentemente fatídico número: pecados, sete pecados.
E é muito antes dos versículos finais que se encontra uma explicação das sete acções que realmente são odiadas – até por Deus: Olhos altivos, língua mentirosa, mäos que derramam sangue inocente, coraçäo que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal, a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmäos. (Livro de provérbios 6, 16-19)
Convencionou-se, portanto, concentrar todos os pecados numa lista de sete capitais opostos a sete virtudes : o orgulho por oposição à humildade; a inveja contrária à caridade; a gula esquecendo a temperança; a luxúria dominando a castidade; a ira sobreposta à paciencia; a ganância oposta à generosidade e a preguiça em vez da diligencia.
Pergunto-me se será coincidência, em pleno ano sete, do século XXI, estarmos a celebrar o Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos, tentando sensibilizar as pessoas para a não discriminação….
Será que por detrás destas discriminações estarão os novos pecados do século?

1 – género
Na Europa as mulheres recebem em média 15% menos no seu salário, desempenhando as mesmas funções que os homens. Ocupam ainda menos de um quarto dos assentos parlamentares na União Europeia.
2-idade
Os trabalhadores mais velhos têm uma taxa de emprego de apenas 40% . Também os mais jovens são vitimas de propostas de empregos precários e a taxa de desemprego é mais do dobro da média global europeia.
3- etnia
Os imigrantes e as minorias étnicas são muitas vezes obrigados a viver áreas menos favorecidas sendo duplamente confrontados a exclusão social – devido ao local onde vivem ou à sua etnia.
4- religião
Um crente de uma minoria religiosa vê muitas vezes desrespeitadas as suas opções e até mesmo as suas obrigações sendo discriminado por orar ou jejuar em determinadas alturas ou simplesmente pela sua indumentária.
5- deficiencia
Cerca de 10% da população da União europeia é portador de uma deficiência. Raramente são atribuídos cargos de responsabilidade ou até tarefas simples a pessoas que estejam, por exemplo, numa cadeira de rodas ou que não consigam ouvir.
6- orientação sexual
Mais de metade da população lésbica, gay, bissexual e transexual da Europa já foi de preconceito ou descriminação nas escolas ou no seio familiar chegando muitos deles a cometer suicídio por não aguentar a pressão

E falta um. Para chegar ao cabalístico sete, acho que juntaria o
simples facto de… não ser igual:
ser mais gordo ou mais magro, mais alto ou mais baixo, ser bonito ou nem por isso, ter uma borbulha no nariz, uma orelha maior do que a outra, um olho de cada cor, vestir roupa muito larga ou muito justa, ter piercings ou não ter, usar cabelo rapado ou em rastas.
Afinal, aquilo que nos distingue do próximo, que nos transforma num Ser Humano único, é muitas vezes aquilo que também mais nos afasta.

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